LESÕES E DOENÇAS DA PATELA DO JOELHO

LESÕES E DOENÇAS DA PATELA DO JOELHO

A patela, também chamada de rótula, é o osso móvel localizado na frente do joelho. Ela é um osso sesamóide ( está dentro do tendão do músculo quadríceps da coxa ). A patela funciona biomecanicamente como o fulcro de uma poderosa alavanca que é responsável pelo movimento de extensão do joelho. Ela e as estruturas adjacentes suportam grandes cargas e são suscetíveis a doenças e lesões. O mecanismo extensor, do qual a patela faz parte, é a estrutura mais importante do joelho. Ele suporta forças que podem atingir de 8 até 12 vezes o peso do nosso corpo.

PATELA DO JOELHO

Patela é um osso de formato triangular, móvel, localizado na região anterior do joelho dentro do tendão patelar. A palavra patela tem origem na palavra latina patella que significa pequeno prato. A patela é o maior osso sesamóide do nosso corpo. Nos bebês e crianças pequenas ela é cartilaginosa e sua ossificação acontece entre 3 e 5 anos de idade. Anatomicamente é dividida em base, borda medial, borda lateral e ápice. Ela é estabilizada na tróclea femoral pelos retináculos medial e lateral. A face articular é dividida em duas facetas principais, que deixam a superfície articular convexa. A cartilagem que reveste a patela é a cartilagem mais espessa do nosso corpo e pode ter até 8 milímetros de espessura. A função primária da patela é facilitar a extensão do joelho quando o músculo quadríceps é contraído. Ela também protege a região anterior do joelho de traumatismos.

PATELA DO JOELHO

CLASSIFICAÇÃO DA PATELA

A superfície articular da patela é dividida por uma elevação longitudinal e central chamada de crista patelar. A crista patelar divide a superfície articular em duas facetas principais – faceta medial e faceta lateral. Wiberg, considerando a assimetria entre as duas facetas, classificou as patelas em 3 tipos. A patela tipo I tem as facetas medial e lateral do mesmo tamanho. A patela do tipo II tem a faceta lateral um pouco maior do que a faceta medial. A patela tipo III tem a faceta lateral muito maior do que a faceta medial. A patela mais comum é a patela do tipo II de Wiberg, presente em cerca de 57% dos joelhos.

PATELA JOELHO

SÍNDROME PATELAR DOLOROSA

A síndrome patelar dolorosa, também conhecida como síndrome patelofemoral, é caracterizada pela dor na região anterior do joelho sem que haja comprometimento da cartilagem da patela ou das outras estruturas do aparelho extensor. Não existe alteração na articulação patelofemoral que possa ser identificada no exame de ressonância magnética. A causa mais comum da síndrome patelofemoral é o desequilíbrio da musculatura ao redor do joelho, principalmente o encurtamento da musculatura isquiotibial.

CONDROMALÁCIA PATELAR

A condromalácia patelar, também conhecida como condropatia patelar, é uma doença degenerativa que atinge a cartilagem da patela. A cartilagem é o tecido branco e brilhante que reveste os ossos na parte interna das articulações e cria uma superfície lisa e regular para que eles se articulem entre si de forma muito suave e quase sem atrito. Dizemos que o joelho tem condromalácia quando já existe comprometimento da estrutura da cartilagem.

TENDINITE PATELAR

O tendão patelar une a patela à tíbia. Processos inflamatórios podem acometer o tendão patelar porque ele é um dos tendões mais solicitados no nosso corpo, principalmente durante atividades esportivas. A tendinite patelar também é conhecida como joelho do saltador.

TENDINITE QUADRICIPITAL

Processos inflamatórios podem acometer o tendão do quadríceps porque ele também é um tendão muito solicitado. A tendinite quadricipital é comum em corredores de velocidade e atletas de esportes que tenham chutes e saltos ( futebol, basquetebol, voleibol, etc… ).

TENDINOSE PATELAR

Tendinose é o processo degenerativo de um tendão. Na tendinose as fibras colágenas do tendão sofrem alterações estruturais microscópicas. O tendão degenerado deixa de ter o aspecto branco e brilhoso normal e fica opaco e friável. O tendão patelar com tendinose perde as suas capacidades mecânicas e pode se romper com facilidade. A tendinose patelar pode ser consequência de uma tendinite crônica ou de doenças sistêmicas.

INSTABILIDADE DA PATELA

SUBLUXAÇÃO DA PATELA

A subluxação da patela é o deslocamento lateral parcial do osso do sulco troclear femoral. A subluxação patelar pode ser um evento transitório, que acontece durante a extensão do joelho, ou permanente. Com o joelho em extensão e a musculatura da coxa relaxada é possível subluxar a patela medial e lateralmente. Essa manobra faz parte do exame físico do joelho.

LUXAÇÃO DA PATELA

A luxação patelar, também conhecida como deslocamento patelar, acontece quando a patela sai do seu lugar. Na articulação normal a patela está centrada na tróclea, o sulco no fêmur onde ela se articula, fazendo parte do mecanismo extensor do joelho, que é formado pelo músculo quadríceps femoral, a própria patela e o tendão patelar. A patela apresenta uma boa mobilidade quando o joelho está em extensão e relaxado. Traumatismos ou alterações anatômicas podem levar a patela a sair da tróclea femoral.

DOENÇA DE SINDING-LARSEN-JOHANSSON

A doença de Sinding-Larsen-Johansson é um processo inflamatório que acomete o tendão patelar na sua origem no polo inferior da patela. Acomete crianças e adolescentes fisicamente ativos, sendo mais comum entre os 10 e 13 anos de idade. No adulto a patologia equivalente é a tendinite patelar.

SÍNDROME DA HIPERPRESSÃO PATELAR LATERAL

A síndrome da hiperpressão lateral da patela acontece quando a patela não está se articulando normalmente com o seu sulco no fêmur ( tróclea femoral ), estando inclinada e subluxada lateralmente. A força de compressão no compartimento femoropatelar lateral é excessiva e pode levar a danos irreversíveis na cartilagem.

SÍNDROME DO ESTRESSE PATELOFEMORAL

A síndrome do estresse patelofemoral é uma causa comum de dor no joelho em atletas cujos esportes exigem muita corrida, salto, caminhada ou ciclismo. Essas atividades, quando intensas e muito repetitivas, podem resultar em movimentos anormais da patela na tróclea femoral devido à fadiga dos tecidos.

FRATURA DA PATELA

A fratura da patela é a fratura mais frequente do joelho. Acontece, mais comumente, quando a pessoa sofre uma queda e bate o joelho diretamente no chão ( traumatismo direto ), ou quando uma força excessiva do quadríceps é aplicada ao osso ( traumatismo indireto ). As fraturas patelares podem ser simples ou complexas. Fraturas simples e sem deslocamento dos fragmentos ósseos podem ser tratadas conservadoramente. Fraturas complexas, expostas ou com deslocamento significativo dos fragmentos ósseos precisam ser tratadas com cirurgia. O tempo para consolidação óssea varia de 6 a 12 semanas, em média. Uma das sequelas mais frequentes da fratura da patela é a artrose pós-traumática, que pode afetar até 50 % dos pacientes.

BURSITE PRÉ-PATELAR

Bursite pré-patelar é o processo inflamatório que acomete a bursa pré-patelar. Bursites são comuns no joelho. A região anterior do joelho fica inchada, dolorida e avermelhada. Acomete pessoas que fazem atividades apoiando o joelho no chão como instaladores de carpete, instaladores de rodapés, pedreiros, mecânicos e carpinteiros. Pequenas lesões na pele podem introduzir bactérias na bursa inflamada tornando-a infectada.

ARTROSE PATELAR

Artrose patelar é o processo degenerativo da cartilagem da patela. Essa cartilagem tem características fisiológicas e mecânicas diferentes da cartilagem femoral e tibial. A artrose patelar costuma ser consequência de traumatismos ou da condromalácia tratada incorretamente. A artrose patelar pode se desenvolver isoladamente, sem que haja comprometimento da cartilagem femoral e/ou tibial. Os fatores de risco para o desenvolvimento da artrose patelar incluem idade, obesidade, história de fratura, história de luxação, uso excessivo nos esportes e doenças reumáticas.

ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL

PLICA SINOVIAL

As paredes internas do nosso joelho são revestidas por uma membrana chamada sinóvia. Essa membrana, responsável principalmente pela produção do líquido sinovial ( o líquido transparente e amarelado que lubrifica e nutre a cartilagem ), possui várias pregas – ou dobras – chamadas de plicas sinoviais. Essas plicas são normais, são encontradas em todos os joelhos, e se projetam para dentro da cavidade articular. Elas são remanescentes do desenvolvimento embriológico do joelho e não apresentam função. As três plicas mais comuns encontradas nos joelhos são: a plica infra-patelar ( também chamada de ligamento mucoso ), a plica supra-patelar e a plica médio-patelar. A plica que mais apresenta problemas é a plica médio-patelar. As plicas são normalmente assintomáticas, mas podem começar a incomodar em algumas situações: traumatismos do joelho, atividades físicas repetitivas ( corrida e ciclismo, por exemplo ) e hipertrofia sinovial devido a doenças.

PATELA BIPARTIDA

A patela bipartida acontece quando os núcleos de ossificação do osso não se fundem. Acomete até 3% da população em geral. A patela bipartida é formada por duas partes ossificadas separadas entre si por uma trave de cartilagem. A patela bipartida pode ser causa de dor na região anterior do joelho. A não-fusão dos núcleos de ossificação patelares pode também resultar em uma patela tripartida e até multipartida.

PATELA ALTA

A patela alta é uma das causas de instabilidade patelar. A patela encontra-se mais alta do que o normal dentro do seu sulco, no fêmur. O tendão patelar de quem tem patela alta é um pouco mais longo do que deveria ser. Isso faz com que a patela seja hiperpressionada contra o fêmur já no início do movimento de flexão, predispondo a cartilagem à degeneração precoce.

PATELA ALTA ATENUADA

A patela alta atenuada é uma condição muito rara. É diagnosticada em crianças. O paciente apresenta a patela muito menor do que o seu tamanho normal porque ela se desenvolveu acima e fora da tróclea femoral. O posicionamento correto e a mobilidade natural da patela no seu sulco no fêmur são os estímulos para que ela cresça e se desenvolva normalmente.

PATELA BAIXA

A patela baixa, como o nome sugere, acontece quando a patela está numa posição mais baixa do que o normal dentro da tróclea femoral. O tendão patelar está encurtado. Os movimentos do joelho ficam limitados e o paciente sente dor na região anterior do joelho. A imobilização prolongada do joelho em extensão e cirurgia prévia são as causas mais comuns de patela baixa.

JOELHO PATELA

HIPOPLASIA E AGENESIA DA PATELA

A hipoplasia e a agenesia da patela são condições bastante raras que não são prontamente diagnosticadas no nascimento das crianças porque a patela é totalmente cartilaginosa nos bebês. O diagnóstico vai ser feito mais tarde, depois dos 5 anos de idade, quando a patela termina a sua ossificação. Na hipoplasia a patela apresenta uma redução acentuada no seu tamanho e na agenesia a patela é ausente. Disfunção da articulação patelofemoral, subluxações recorrentes e artrose precoce são as consequências dessas alterações, que podem ser isoladas ou associadas a síndromes.

HIPERPLASIA DA PATELA

A hiperplasia da patela, também conhecida como patela magna, acontece quando o tamanho do osso é muito maior do que deveria ser. O tamanho aumentado da patela pode ser uma característica anatômica do paciente, estar relacionada ao tratamento incorreto de fraturas ou ao desenvolvimento de tumores.

DISPLASIA PATELOFEMORAL

A displasia patelofemoral é a anormalidade da anatomia do sulco troclear. O formato da tróclea e/ou a sua profundidade estão alterados, podendo ainda estar associados com anormalidades da altura patelar, desalinhamentos axiais e rotacionais e desequilíbrios de tecidos moles. A displasia patelofemoral é o principal fator predisponente para a instabilidade e luxação da patela.

LUXAÇÃO CONGÊNITA DA PATELA

A luxação congênita da patela é uma anomalia rara caracterizada pela luxação lateral permanente e manualmente irredutível da patela. Costuma estar associada com flexão do joelho, geno valgo, tróclea displásica ou plana, rotação externa da tíbia e disfunção do mecanismo extensor. O defeito pode ser unilateral ou bilateral, podendo ser uma malformação isolada ou estar associado a síndromes.

CARTILAGEM DA PATELA

HIPERMOBILIDADE PATELAR

A hipermobilidade patelar é o movimento excessivo, medial e/ou lateral, da patela. Uma patela hipermóvel pode ser movida mais de 75% da sua largura medialmente e/ou lateralmente. A hipermobilidade patelar medial costuma ser resultado da frouxidão do retináculo patelar lateral e a hipermobilidade patelar lateral costuma estar associada a frouxidão do retináculo patelar medial e/ou fraqueza do músculo vasto medial oblíquo. A hipermobilidade patelar medial é uma das causas de condromalácia, enquanto que a hipermobilidade patelar lateral é fator predisponente para subluxação e luxação patelar.

HIPOMOBILIDADE PATELAR

A hipomibilidade patelar é a condição inversa à hipermobilidade patelar. Pacientes com hipomobilidade patelar apresentam a patela com pouca mobilidade no sulco troclear. Essa condição pode levar à síndrome patelar dolorosa, condromalácia patelar e síndrome da hiperpressão lateral da patela. Os retináculos patelares são mais encurtados e mais tensos do que o normal em pacientes com hipomobilidade da patela.

PATELA DO JOELHO COM EDEMA ÓSSEO

EDEMA ÓSSEO NA PATELA

O edema ósseo na patela é um processo inflamatório intraósseo que pode ser identificado no exame de ressonância magnética. Não existe rompimento estrutural ósseo. O edema ósseo patelar é comum após traumatismos diretos na patela e em joelhos com artrose patelofemoral.

OSTEONECROSE DA PATELA

A osteonecrose da patela acontece quando o suprimento sanguíneo do osso é interrompido. Traumatismos de alta intensidade na região anterior do joelho e uso contínuo de corticóides podem provocar osteonecrose da patela. A condição pode ser, ainda, uma complicação da cirurgia de prótese de joelho. A superfície articular da patela pode colapsar no curso da osteonecrose.