
HISTÓRIA DA ARTROSE DO JOELHO
A história da artrose do joelho é muito interessante porque trata-se de uma das doenças mais antigas identificadas na história da Medicina. A artrose do joelho, também conhecida como osteoartrite do joelho ou gonartrose, é a doença caracterizada pela degeneração da cartilagem, o tecido branco e brilhante que recobre os ossos dentro das nossas articulações. Dentro do joelho existe cartilagem revestindo o fêmur, a tíbia e a patela. A descoberta da doença artrose não foi um evento único, mas um processo gradual de descobertas que evoluiu com o passar do tempo, acompanhando o desenvolvimento da Medicina e das ciências biológicas.

PRÉ-HISTÓRIA
Sinais de artrose nos joelhos foram encontrados em ossos humanos pré-históricos e em múmias egípcias, mostrando que a doença já afetava pessoas há milhares de anos. Alterações típicas da artrose do joelho, como estreitamento do espaço articular, esclerose do osso subcondral e osteófitos, foram observadas em esqueletos de 4.000 a 7.000 anos atrás. Hipócrates, que viveu entre os anos de 460 e 370 a.C., considerado o pai da Medicina, descreveu doenças articulares do joelho com dor e rigidez, que hoje podem ser interpretadas como possíveis casos de artrose. Ele também ensinava que as lesões ou erosões da cartilagem não se curavam.

IDADE MÉDIA E RENASCIMENTO
Durante a Idade Média, o conhecimento médico sobre as doenças articulares pouco avançou, em parte por causa da influência da Igreja e da limitação de dissecções humanas. No entanto, no Renascimento ( século XV ), a redescoberta de textos clássicos e o avanço do estudo da anatomia humana começaram a abrir caminho para uma melhor compreensão da anatomia das articulações, em especial a anatomia do joelho, uma vez que se trata da maior articulação do corpo humano.

SÉCULOS XVIII E XIX
Os séculos XVIII e XIX foram marcados pelo nascimento da patologia moderna. Naquele tempo os médicos começaram a descrever mais sistematicamente e com mais detalhes as alterações degenerativas do joelho. O termo “osteoartrite” foi introduzido no século XIX para diferenciar a artrose, que é uma condição degenerativa, da artrite reumatóide, que é uma condição inflamatória. O médico britânico Sir William Heberden ( 1.710 – 1.801 ) descreveu os “nódulos de Heberden”, sinais clássicos da artrose nos dedos, o que ajudou a diferenciar os diferentes tipos de doenças articulares. Um pouco mais tarde, ainda no século XIX, Richard von Volkmann e Jean-Martin Charcot ajudaram na consolidação do estudo clínico e anatômico da artrose do joelho.

SÉCULO XX
O século XX foi marcado por vários avanços diagnósticos e clínicos para a artrose do joelho. Primeiro foi a radiologia. A invenção dos raios X ( 1.895 ) foi um marco fundamental. A partir de então tornou-se possível visualizar os sinais de desgaste da cartilagem e os osteófitos, estabelecendo o diagnóstico da artrose do joelho com mais precisão. Durante o século XX surgiram sistemas de classificação da artrose do joelho baseados em sintomas e achados radiológicos, como a classificação de Kellgren-Lawrence de 1.957. Em relação aos tratamentos, foi nessa época que surgiram as terapias conservadoras com fisioterapia, anti-inflamatórios, infiltrações articulares e, mais recentemente, o desenvolvimento das próteses de joelho para substituição dos joelhos gravemente acometidos pela artrose. Os implantes das próteses de joelho continuam sendo aperfeiçoados até os dias de hoje. Em 1.987, no Japão, foi aprovado o primeiro medicamento à base de ácido hialurônico para uso intra-articular no joelho.

SÉCULO XXI
Na atualidade as pesquisas sobre a artrose do joelho estão direcionadas para a pesquisa genética e uma Medicina mais personalizada. Já se sabe que a artrose do joelho é uma doença multifatorial e que cada paciente apresenta características distintas da doença que são relacionadas aos fatores que a causam: fatores genéticos, fatores mecânicos, fatores inflamatórios e desequilíbrios bioquímicos na cartilagem e no osso subcondral. As pesquisas em curso buscam tratamentos regenerativos para a cartilagem como o uso do PRP ( plasma rico em plaquetas ), células-tronco, engenharia de tecidos, hidrogel e modulação genética. Muitos estudos estão em andamento em vários centros médicos espalhados pelo mundo. Mas, apesar de todos os avanços em estudos e pesquisas, em pleno século XXI, os médicos ortopedistas especialistas em joelho continuam constatando todos os dias, em seus consultórios, que o tecido cartilaginoso não se regenera e que a artrose ainda é uma doença sem cura conhecida.