CÉLULAS-TRONCO PARA ARTROSE

CÉLULAS-TRONCO NÃO REGENERAM A CARTILAGEM DO JOELHO COM ARTROSE

Nos últimos anos a “terapia” com células-tronco tem sido aclamada como uma cura milagrosa para muitas doenças, desde rugas até o reparo de lesões da coluna vertebral. Um dos supostos usos das células-tronco seria para a cura da artrose do joelho. Na artrose, a cartilagem que cobre as extremidades dos ossos começa a se degenerar. À medida que os ossos perdem essa cobertura protetora, eles começam a se atritar uns nos outros ( artrose grau IV ). Isso causa dor, inchaço e rigidez e, em última análise, perda da função e da mobilidade articular. A artrose do joelho afeta milhões de pessoas no mundo todo. A maioria dos pacientes controla os sintomas da doença com tratamentos médicos, perda de peso, exercícios físicos e modificações no estilo de vida. Se os sintomas da artrose se agravam, a substituição do joelho doente por uma prótese é uma opção. Nos Estados Unidos, mais de 600.000 pessoas passam por essa cirurgia todos os anos.

TEORIA

A teoria para a terapia com células-tronco para a artrose do joelho seria a de usar os próprios mecanismos de cura do corpo para ajudar a reparar e retardar a deterioração da cartilagem, diminuir a inflamação, reduzir a dor e evitar a cirurgia de prótese de joelho.

PRÁTICA

Na prática, o que inúmeros estudos concluíram foi que a aplicaçnao de células-tronco no joelho com artrose não regenera a cartilagem. Alguns pacientes sentiram diminuição da dor, semelhante aos pacientes que passaram por uma artroscopia para toalete da articulação ou receberam injeções de ácido hialurônico ou corticóides.

CHARLATANISMO

As pesquisas com células-tronco já existem há muitos anos e ainda estão em andamento. As técnicas para derivar células-tronco embrionárias de embriões de camundongos foram desenvolvidas pela primeira vez há quase 40 anos, em 1981, e em 1998 os pesquisadores conseguiram derivar células-tronco de embriões humanos e cultivá-las em um laboratório. Infelizmente, no entanto, o termo “célula-tronco” foi sequestrado por profissionais de marketing, vendedores e charlatões e a internet está repleta de clínicas e médicos que promovem “terapia com células-tronco” como tratamento de ponta para inúmeras doenças, principalmente aquelas que ainda não têm cura conhecida como a artrose do joelho. Anúncios enganosos afirmam que médicos “especialistas” curam a artrose simplesmente injetando no joelho células-tronco. Os tratamentos são apoiados por referências à “ciência” e “pesquisas”, mas as afirmações são falsas e vazias, pois não há nenhuma evidência científica real para substanciar tais procedimentos.

EFEITOS COLATERAIS E RISCOS

O tratamento com células-tronco para o joelho com artrose é pouco invasivo e os efeitos colaterais costumam ser mínimos. Algumas pessoas relataram aumento temporário da dor e do inchaço após a aplicação, mas a grande maioria das pessoas que recebem injeções de células-tronco no joelho não tem efeitos colaterais adversos. O procedimento usa células-tronco que vêm do seu próprio corpo e as reações imunológicas praticamente não existem. Existem várias maneiras de colher e processar as células-tronco, o que provavelmente afeta os resultados dos estudos. Existem relatos de casos de contaminação durante a coleta e o processamento do material com células-tronco, que evoluiu com infecção no joelho do paciente que recebeu a preparação contaminada.

TRATAMENTO EXPERIMENTAL

Terapias com células-tronco são consideradas experimentais no Brasil. Não é permitido “tratar” pessoas de forma experimental sem um projeto sistematizado e devidamente aprovado: os tratamentos e procedimentos precisam estar registrados na Anvisa e reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como práticas válidas no país. Procedimentos de exceção devem ser regrados pelos CEPs ou Comitês de Bioética. Jamais podem ser realizados de forma independente pelo médico assistente do caso, sem autorização expressa do paciente (ou seu representante legal) e dos comitês citados. Do ponto de vista ético e moral, mesmo que um paciente exija um tratamento experimental, sem base científica, o médico não poderá realizá-lo. Em vez disso, deverá orientar, demonstrar e auxiliá-lo a concluir pela impropriedade de determinadas atitudes. Os atos médicos são de responsabilidade de quem os pratica, sendo solidária a direção técnica/clínica da instituição em que ocorreram. Esta deve demonstrar que ofertou a melhor maneira de tratar aquele paciente de acordo com as evidências científicas, infraestrutura e recursos humanos apropriados. Tratamentos experimentais não devem ter custo para o paciente e devem ser realizados em hospital-escola, seguindo todos os protocolos determinados pelas autoridades competentes.

OPÇÃO

Uma excelente opção para quem tem artrose no joelho é a viscossuplementação de terceira geração. Aplicações de medicamentos à base de ácido hialurônico acabam tendo o mesmo resultado do que a aplicação de células-tronco: diminuem a dor, diminuem a inflamação, diminuem a velocidade de degeneração da cartilagem e retardam, ou até evitam, a cirurgia de prótese de joelho. Não existe ainda um tratamento que regenere a cartilagem que se desgastou. A degeneração da cartilagem do joelho é definitiva. O tecido cartilaginoso não se regenera. A artrose do joelho é uma doença ainda sem cura.

ALERTAS

Um dos maiores estudiosos de células-tronco do mundo é o Dr. George Daley, que é professor na Universidade de Harvard e ex-presidente da Sociedade Internacional para a Pesquisa com Células-Tronco ( ISSCR ). Alguns anos atrás o doutor Daley fez um alerta nos Estados Unidos pedindo para as pessoas cuidarem com as terapias com células-tronco. Segundo o professor, faz mais ou menos 20 anos que começaram os estudos com células-tronco nos Estados Unidos. A descoberta de que essas células poderiam se transformar em qualquer tecido do nosso corpo abriu um novo campo de pesquisas com grandes promessas para o tratamento de diversas doenças. O professor observou, no entanto, que essas pesquisas ainda estão no laboratório e que os poucos testes clínicos que começaram encontram-se ainda na sua fase inicial. Por outro lado, várias empresas, médicos e clínicas estão anunciando que fazem tratamento com células-tronco. Segundo o doutor Daley, não existe ciência alguma por trás das terapias oferecidas. Elas apenas expõem os pacientes a perigos ainda desconhecidos e tratamentos que não funcionam, alimentando a esperança em pessoas que sofrem, na maioria das vezes com objetivos financeiros. O professor Daley orienta os pacientes para que visitem o site da ISSCR, leiam o manual do paciente e obtenham informações das autoridades locais antes de se submeter a qualquer terapia com células-tronco. Clique AQUI para acessar as orientações da ISSCR sobre o assunto. Outro alerta foi feito pelo FDA. O órgão governamental dos Estados Unidos avisa que não existe terapia regenerativa com células-tronco aprovada para o tratamento de qualquer condição ortopédica como, por exemplo, a artrose. Terapias com células-tronco têm riscos, muitos ainda desconhecidos, e os tratamentos costumam ser feitos na clandestinidade e sem a mínima fundamentação científica. Cegueira, formação de tumores, eventos neurológicos, infecções bacterianas, reações no local da coleta e da administração, respostas inflamatória e imunológica indesejadas, células se transformando em tecido não intencional ou com crescimento excessivo e contaminação cruzada são apenas alguns dos problemas já identificados pelo FDA nas denúncias recebidas pelo órgão.