CIRURGIA ROBÓTICA DO JOELHO

CIRURGIA ROBÓTICA DO JOELHO

A cirurgia robótica de joelho já existe há muitos anos, mas apenas recentemente começou a ser mais divulgada. Os robôs são usados na cirurgia de artroplastia do joelho, ou seja, na cirurgia para substituição do joelho severamente comprometido pela artrose. Segundo os fabricantes dos robôs, a cirurgia para implantação de uma prótese no joelho pode ser feita com maior precisão com o auxílio do robô. Mas não existem evidências de que a cirurgia com auxílio do robô seja melhor do que a cirurgia convencional. Muitos pesquisadores acreditam que o robô serve mais como instrumento de marketing para a equipe médica e o hospital, que divulgam o equipamento como se fosse uma técnica futurística com muitas vantagens para os pacientes, o que não é verdade. O paciente pode estar sendo enganado ao ser informado que a cirurgia robótica é melhor do que a cirurgia convencional.

CIRURGIA ROBÓTICA DO JOELHO

A cirurgia robótica do joelho foi desenvolvida para auxiliar o cirurgião na execução da cirurgia de artroplastia, que é a cirurgia onde o joelho seriamente comprometido pela artrose é substituído por implantes. A prótese de joelho tem um componente femoral, um componente tibial, um componente patelar e um liner de polietileno. Os componentes femoral, tibial e patelar substituem as superfícies ósseas onde a cartilagem foi comprometida pela artrose. CASPAR®, Acrobot®, PiGalileo®, CORI®, Orthotaxy®, OMNIBotic BalanceBot®, Navio®, Mako®, VELYS®, TSolution-One® e ROSA® são alguns dos sistemas robóticos desenvolvidos para a cirurgia de artroplastia do joelho. O CASPAR® foi lançado em 1.997 e o ROSA® foi lançado em 2.018.

ROBÔS PARA CIRURGIA DE JOELHO

ROBÔ NÃO FAZ CIRURGIA

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, na cirurgia robótica do joelho quem faz o procedimento cirúrgico é o cirurgião. O robô apenas assiste o cirurgião, indicando os locais dos cortes supostamente com maior precisão. Quem executa os cortes é o cirurgião, que pode ou não aceitar a orientação dada pelo robô. A crença de que o robô faz sozinho toda a cirurgia é falsa. O robô não atua, em momento algum, de forma independente do cirurgião.

CIRURGIA ROBÓTICA DE JOELHO

MODELO 3D

Antes da cirurgia é feito o exame de tomografia computadorizada do joelho doente do paciente. O exame cria um modelo tridimensional ( 3D ) da articulação artrósica. Durante a cirurgia o braço robótico usa os dados do modelo 3D do joelho do paciente para indicar ao cirurgião os locais dos cortes para melhor colocação dos implantes.

BENEFÍCIOS

Segundo os fabricantes, o maior benefício para os pacientes é o tempo de recuperação mais rápido quando comparado com a cirurgia convencional. Estudos de longo prazo são necessários para confirmar se esse benefício é real, uma vez que depende de treinamento do cirurgião e equipe com o novo sistema. Os fabricantes dos robôs afirmam ainda que a cirurgia robótica de joelho teria outros benefícios como menor perda de sangue, cicatrizes menores, menor taxa de complicações, menor dor no pós-operatório, menor tempo de hospitalização e retorno mais rápido às atividades cotidianas. Embora a cirurgia feita com auxílio do robô possa realmente ser mais precisa do que a cirurgia tradicional, os benefícios dessa precisão aprimorada ainda estão sendo estudados. Há necessidade de comprovação de que a nova técnica seja muito mais benéfica para o paciente do que a cirurgia tradicional. O uso do robô, por exemplo, não pode aumentar a incidência de complicações da cirurgia.

ROBÔ CIRURGIA JOELHO

DESVANTAGENS

A cirurgia robótica de joelho apresenta várias desvantagens, segundo diversos estudos. O tempo cirúrgico de uma cirurgia robótica costuma ser maior do que o tempo de uma cirurgia convencional, expondo o paciente a um risco maior de infecção, maior tempo de anestesia, maior sangramento e problemas tromboembólicos. O robô é um computador e, como tal, depende da qualidade das informações nele inseridas e do treinamento da equipe médica para a sua programação e uso. Toda a equipe precisa estar bem treinada e capacitada para usar o equipamento e resolver rapidamente problemas e intercorrências. Também há necessidade de atualizações constantes do software. O paciente precisa fazer o exame de tomografia do joelho, que é desnecessário antes de uma cirurgia convencional. Não existem estudos de longo prazo comprovando que o desempenho dos implantes, que são os mesmos usados nas cirurgias convencionais, é melhor se a cirurgia for feita com auxílio de um robô. O paciente deve consultar um médico ortopedista especialista em joelho que possa orientá-lo sobre as desvantagens e supostas vantagens da artroplastia de joelho assistida por robôs.

CUSTOS

As empresas fabricantes dos robôs para cirurgia de artroplastia do joelho são as mesmas que fabricam os implantes que serão usados na cirurgia. A disponibilização do robô para que a cirurgia seja feita implica em custos adicionais. São necessários estudos de longo prazo para comprovar que o uso de robôs em cirurgia de joelho é realmente capaz de trazer benefícios significativos para os pacientes para justificar os custos adicionais. A cirurgia de artroplastia do joelho é uma cirurgia cara e, para aumentar o seu custo, a justificativa deve ser muito boa. Um cirurgião habilidoso, com experiência em cirurgias de artroplastia do joelho, costuma ter resultados cirúrgicos tão bons quanto os que são apregoados pelos fabricantes dos robôs. Uma cirurgia robótica pode custar até 30% mais caro do que uma cirurgia convencional. O cirurgião deveria poder entregar para o paciente um resultado cirúrgico muito superior para justificar o uso do robô, o que não acontece na prática. É direito do paciente saber todos os pormenores envolvidos nesse tipo de procedimento para que ele não seja enganado. A disponibilização do robô, segundo vários especialistas, é mais uma forma de marketing para divulgar supostas práticas cirúrgicas avançadas. A cirurgia de prótese de joelho deve trazer satisfação para o paciente. A artroplastia convencional do joelho, feita sem a ajuda de robôs, já é considerada um procedimento cirúrgico bem-sucedido. É também um procedimento caro. A introdução de novas tecnologias para a cirurgia deve ser capaz de melhorar ainda mais os resultados do procedimento convencional, já consagrado, para justificar os custos excessivos.

CIRURGIA ROBÓTICA JOELHO

LUCROS

O mercado para cirurgias de artroplastia do joelho, segundo estudos da empresa Fortune Business Insights, especializada em identificar oportunidades lucrativas para seus clientes, foi avaliado em mais de US$ 15 bilhões. O aumento da população adulta e da expectativa de vida fez aumentar a prevalência de artrose no joelho em pessoas de todo o mundo, com consequente aumento da demanda por cirurgias para substituição articular. Segundo a Osteoarthritis Research Society International (OARSI), a prevalência de artrose no joelho chegará a mais de 5% da população nos próximos anos. As empresas fabricantes dos implantes para a cirurgia de prótese de joelho têm interesse em aumentar os seus lucros para satisfazer os seus acionistas. A disponibilização dos robôs para as cirurgias, encarecendo o custo final do procedimento, teria como objetivo principal atender os interesses comerciais das companhias, cujos departamentos de marketing trabalham para propagandear as supostas vantagens da cirurgia robótica de joelho para médicos, hospitais e pacientes. Indicar cirurgias para pacientes cada vez mais novos e cirurgias assistidas por robôs pode ser interessante para aumentar os lucros das empresas fabricantes dos implantes, mas ainda não está claro se existem benefícios reais para os pacientes.

ESTUDO CIENTÍFICO

Um estudo de alta qualidade científica sobre cirurgia robótica do joelho foi publicado na revista médica Clinical Orthopaedics and Related Research. Pesquisadores da Coréia do Sul concluíram um estudo de Nível 1 ( a mais alta qualidade possível ), grande número de cirurgias ( 1.400 ) e resultados de longo prazo ( 10 anos ) sobre o uso de robótica na cirurgia de artroplastia do joelho. Os autores compararam os resultados de 700 artroplastias de joelho realizadas com auxílio do robô com 700 artroplastias de joelho feitas de forma convencional, sem o uso de robôs. Todos os pacientes foram rotineiramente avaliados e acompanhados durante 10 anos. Os autores não encontraram diferenças entre as cirurgias feitas de forma convencional e as cirurgias feitas com auxílio de robôs. Foram avaliados diversos itens como escores de resultados funcionais, soltura asséptica, duração dos implantes e complicações. A conclusão dos autores é pela não recomendação do uso da cirurgia robótica na cirurgia de artroplastia do joelho porque não foi constatada vantagem alguma em relação à cirurgia convencional.